Sensação de almoço de domingo na casa da avó, de preferência com uma macarronada sobre a mesa. É esse o barato de se embrenhar pelos vídeos do canal Pasta Grannies, um sucesso no YouTube e no Instagram (@pastagrannies).
Tudo começou quando a editora Vicky Bennison comprou uma casa em Marche, na região central da Itália. Bennison já tinha no currículo algumas publicações sobre cultura e culinária espanhola, e buscava inspiração para escrever sobre comida. Foi numa conversa sobre massas com o gerente de um supermercado local que veio a ideia de filmar as avós. Alessandro contou que sua nonna era a melhor cozinheira da região, mas nunca tinham feito nada juntos, e ela resolveu juntá-los em sua cozinha.
Enquanto dona Maria fazia seu famoso tagliatelle com ragú, ao estilo Marche, com uma mistura inusitada de carnes e muita pimenta da Jamaica, a anfitriã ia filmando, até seu marido sugeriu que colocasse no YouTube. Assim nascia o canal que tem o dom de aquecer corações e viralizou nos países nórdicos.
Em quatro anos, mais de 200 avós italianas – das mais variadas regiões – cozinhando os mais diferentes tipos de massas, de nhoque afogados em creme e manteiga e servido com polenta, dos Alpes, até orecchiette (orelhas pequenas), na Puglia, foram registradas pela equipe do canal que hoje já tem dois livros publicados.
Os vídeos, que viralizaram graças a um post do Business Insider, são uma importante documento de resgate e manutenção da tradição das avós, com receitas únicas, mas o barato está mesmo nas personagens principais, as avós. Um exemplo é Giuseppina Spiganti, a Nonna Peppa, de 92 anos, que é famosa em sua aldeia por fazer ‘pici’, uma cobra de espaguete enrolada à mão que poucas outras pessoas fazem.
Em entrevista ao Financial Times, Bennison ressaltou que as avós, que hoje têm mais de 80 anos, são a última geração que teve que fazer macarrão todos os dias para alimentar suas famílias, afinal hoje tudo se compra pronto, até mesmo na itália. “Eu queria celebrar as mulheres mais velhas e suas experiências. Essas mulheres são sobreviventes, elas têm muitas histórias de dificuldades”, disse a criadora dessa projeto que dá gosto, literalmente, de ver.
(Texto escrito para a coluna CONVERSA DE VÓ do portal CLAUDIA ONLINE)
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NATALIA DORNELLAS / FOTOS: PASTA GRANNIES/REPRODUÇÃO