Você conhece a bandeira de Belo Hozironte? Toda cidade tem a sua e, tecnicamente, BH também. Mas é só tecnicamente mesmo, como nos explica o designer Gabriel Figueiredo, que acaba de criar uma nova bandeira para a aniversariante da próxima segunda, dia 12 de dezembro (sim, estamos chegando aos 125 anos!).
“A bandeira atual é basicamente uma aplicação do brasão da cidade sobre um fundo branco. Acontece que os princípios que guiam a construção de um bom brasão, entretanto, são muito diferentes dos que guiam a construção de uma boa bandeira. O potencial de uma bandeira, enquanto símbolo visual representativo de um grupo ou território, é enorme, mas para que esse potencial seja atingido, a bandeira precisa colaborar. Foi daí que veio a idéia para o projeto”, explica.
A imagem final é resultado de um estudo detalhado do Gabriel que, para cada elemento da bandeira, gerou algumas alternativas de desenho na tentativa de testar diferentes combinações e, assim, avaliar qual delas apresentaria a melhor configuração para os objetivos do projeto.
“No fim das contas, não por acaso, a escolhida foi a versão do canto superior esquerdo, que mistura uma representação abstrata de ‘serra’ simples o suficiente para ser desenhada por qualquer pessoa com um sol baseado no desenho presente no próprio brasão da cidade, mantendo uma relação forte entre os seus dois principais símbolos oficiais”, explica. Vale lembrar que, segundo o Gabri, o brasão de BH é ótimo, a questão é que brasões não costumam funcionar bem em bandeiras.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Ainda segundo informações do designer, o primeiro brasão de Belo Horizonte foi proposto por José de Magalhães, arquiteto da Comissão Construtora da Nova Capital (foi ele quem construiu o Palácio da Liberdade, por exemplo), dois anos antes da inauguração oficial da cidade, em 1895. O brasão atual é, basicamente, uma atualização do desenho original para os padrões contemporâneos, com desenho perfeitamente adequado para o seu propósito.
VERSÃO 2022
Ao simplificar o brasão, tirando dele todas as informações que não eram relevantes para uma bandeira, ficaram somente os elementos que realmente representam a cidade, que são o céu, o sol, e a serra, “formando o tal do belo horizonte que dá nome ao município”, nas palavras do criador.
“Uma das maiores forças de uma bandeira (ao contrário de um brasão) é que ao reduzir o simbolismo a poucas cores e elementos eles ganham uma enorme força e flexibilidade para se adaptar e se ressignificar (o triângulo de minas gerais é um dos maiores ‘cases’ de sucesso nesse sentido inclusive)”, explica ainda.
Ciente de que um símbolo só tem valor quando compartilhado, Gabriel abriu os arquivos e disponibilizou na internet todo o seu trabalho (link). Assim, quem quiser baixar, imprimir, editar, reproduzir, redesenhar, ou se apropriar dessa bandeira de qualquer outra forma, pode ficar super à vontade. Obrigada, Gabri!
NATALA DORNELLAS (texto) / GABRIEL FIGUEIREDO (imagens)